quinta-feira, 18 de agosto de 2011

EXPOSIÇÃO "NO DIA MAIS CLARO" - Márcio Hudson

Fotos em infravermelho é a nova paixão do fotógrafo Márcio Hudson

Série de nu artístico faz parte da exposição "No dia mais claro" de Márcio Hudson

Um bom filho a casa torna. O velho dito popular é batido mas se aplica perfeitamente a relação do fotógrafo Márcio Hudson com Cuiabá. Agora ele retorna a cena cultural da cidade para mostrar a paixão mais recente no mundo da fotografia, a foto em infravermelho. Essa é a técnica usada em todos os registros que fazem parte da exposição "No dia mais claro" que vai ocupar a sala 28 do Pavilhão das Artes/ Palácio da Instrução até o dia 30 de agosto. A abertura vai rolar durante o Encontro de Fotografia de Mato Grosso 2011 e será nessa sexta-feira (19.08) às 19h. 


As 20 imagens da mostra foram obtidas por meio de uma câmera Nikon - D40x, alterada em uma oficina nos Estados Unidos para captar somente imagens em infravermelho. Segundo o fotógrafo, para reproduzir o preto e branco das fotos clássicas em infra vermelho, as imagens foram apenas dessaturadas.

Ponte de madeira na Transpantaneira. A foto também faz parte da exposição de Márcio Hudson
Fazem parte do conjunto registros da paisagem pantaneira; de arquitetura, com destaque para Brasilia, cidade em que reside atualmente; e de nu artístico em um ensaio que acabou de 'sair do forno' realizado na manha do domingo (07.08) em que, nas palavras do fotografo: "soprava uma brisa fresca, enquanto nuvens de algodão percorriam o céu ensolarado, criando o cenário perfeito para a máxima expressividade da fotografia infravermelha".

Cores Invisíveis
Curral. Da série sobre o Pantanal de Márcio Hudson
Márcio entrou em contato com a técnica da fotografia infravermelha em 2007 e investiu no formato. Tratou logo de encomendar a alteração de sua câmera adquirida nos Estados Unidos. Somente algumas oficinas norte-americanas faziam o processo que é quase artesanal. "A alteração custou mais caro que a própria câmera" comentou Márcio.

Na oficina é retirado o filtro hot mirror instalado nas máquinas digitais que é substituído por um filtro infravermelho. Esse filtro impede a passagem da luz visível, registrando a luz infravermelha emitida pelo sol e refletida pelos objetos. No processo tambem é feita uma nova calibragem do fotômetro embutido na câmara e do ponto de focalização, que ficam alterados na freqüência do infravermelho. 

Segundo Márcio, todas as câmaras digitais são capazes de captar a luz infravermelha, mas os fabricantes instalam o filtro hot mirror sobre o sensor, justamente para bloquear a passagem desse freqüência luminosa. Pois a interferência da luz infravermelha torna as fotos pouco naturais.

Mas foi justamente a alteração que a captação dessa frequência provoca que despertou em Márcio Hudson o interesse em fotografar com essa técnica. "Ela registra a cor que não podemos ver e o resultado é sempre surpreendente", destaca.

Foto da série de nu artístico de Márcio Hudson que não foi dessaturada.
E ele exemplifica: " a vegetação reflete muita radiação infravermelha, e por isso adquire aparência branca na foto. Por outro lado, o céu e a água aparecem pretos, pois o azul reflete o ultravioleta e quase nada de infravermelho, e a ausência de luz vai ser registrada como preto, na imagem em preto e branco. A pele humana adquire um tom uniforme em cinza claro e não se pode diferenciar se a pessoa é negra, parda ou branca".

Bom filho


Márcio Hudson em frente ao Palácio da Instrução. FOTO: WANDER LIMA
Márcio é um bom filho cuiabano que retorna não somente porque o fotógrafo vem a cidade natal com frequência para visitar amigos e familiares. E nem somente porque colabora com a cena cultural da cidade participando de eventos e exposições. Mas também porque retorna ao Palácio da Instrução, não mais como aluno de escola primária, mas agora como um fotógrafo que já palmilhou caminhos importantes nas duas ultimas décadas. Nascido em Cuiabá ele estudou no antigo Grupo Escolar Barão de Melgaço que ocupava o Palácio da Instrução no final da década de 1960 inicio da década de 1970. 

No final da década de 80 mudou-se para o Rio de Janeiro afim de concluir os estudos. Lá se formou publicitário em 1992. Durante o período de faculdade se apaixonou por fotografia. Concomitantemente a graduação ele frequentou cursos de fotografia na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio. Em 1993 se especializou em câmeras de grande formato no International Center of Photography, em Nova York, EUA. Em 2005 fez especialização em Semiótica, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Na década de 90, Márcio trabalhou exclusivamente com fotografia. Primeiro como fotógrafo de estudio em câmeras de médio formato. Mesmo assim sempre participou com suas fotos pessoais de concursos, mostras coletivas e salões de fotografia. Destaca-se a mostra "Topografia do Corpo" (1991) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ele também foi premiado pela Funarte-Rio para um exibição individual da série "Esculturas de Luz", realizada em 1994. E em 1996 foi premiado pela Funarte-São Paulo para exposição individual da série “Urbe Multiplex Multiformis - Cidade Múltipla e Multiforme”.

Em 1999, Márcio voltou a residir em Cuiabá. Aqui ele fundou uma agência e foi premiado no 2° Salão Mato-grossense de Fotografia com a série “Sob os Céus de Dezembro”, em 2000, e no 4° Salão com a série “Natureza Morta Amazônica”, em 2004. Em 2006 ele lançou o livro "Percepções", pela editora Entrelinhas, e em 2007 foi premiado no útimo Salão Jovem Arte Mato-grossense com a série de fotos panorâmicas “Estradeiro Bolívia”.

Inspirações


Ansel Adams é a referencia principal de Márcio Hudson
Foto de Ansel Adams
"Não tenho vergonha de dizer que copio no início, porque no final o trabalho sempre vai ter a minha cara", declarou Márcio Hudson quando falava sobre as referencias que ele procura e estabelece na suas obras. Apaixonado declarado pelo trabalho do norte-americano Ansel Adams, ele o coloca como a principal referência, especialmente para fotos de paisagem e da natureza.




Irving Penn 
Em fotos retrato, Irving Penn é uma de suas maiores referências. E para o trabalho com nu artístico, ele destaca a série "Algumas Mulheres" de Robert Marpplethorpe que despertou seu interesse e de certa forma o inspira.









Retrato de Irving Penn
E por falar em inspiração, no momento em que Márcio Hudson tratava deste tema, entrou na sala o artista plástico Benedito Nunes e falou que tinha feito um painel inspirado em uma foto de Márcio. Isso deixou o fotografo eufórico. Ele fez questão de conhecer de perto a obra do Nunes que está no segundo piso do prédio ocupado pela Agecopa. E lá se foram...

Painel de Benedito Nunes. FOTO: WANDER LIMA 

Foto de Márcio Hudson que inspirou Benedito Nunes

Márcio Hudson e Benedito Nunes. FOTO: WANDER LIMA

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