O presidente da ong portuguesa Etnia, Mário Alves abriu a solenidade de abertura do CCL que contou com apresentações musicais de Mato Grosso e Cabo Verde (Crédito: Ednilson Aguiar)
O Circuito Cultural Lusófono (CCL) que começou na última terça (18.09) apresenta nesta quarta e quinta (19 e 20) Ciclo de Cinema dos países de língua portuguesa, das 15 às 17h, no auditório do Palácio da Instrução, totalmente gratuito. Ainda nesta quarta, logo mais, às 20h, também acontece no Centro de Eventos do Pantanal, continuidade da programação, com apresentação musical de Amauri Lobo e Concerto Musical de Cabo Verde (África) com Assol Garcia, Manuel de Candinho e Caco Alves. O evento termina na próxima quinta (20) com mais uma rodada do ciclo de cinema e às 20h, dessa vez, no Cine Teatro Cuiabá, peça teatral "O incorruptível", de Hélder Costa, com atuação do ator português, Gil Filipe.
O CCL está no Brasil por realização da ONG portuguesa Etnia em parceria no Brasil com o Instituto Cultural Lusófono (ICL). O evento foi possível graças ao patrocínio dos Ministérios da Cultura brasileiro e cabo-verdiano, via prêmio Procultura de Prêmios a Festivais e Mostras de Música de 2011, obtido pelo ICL. Também apoiam: o governo do Estado de Mato Grosso por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), o Sebrae MT, Móveis Dracma, Ótica Plena Visão, CAV, TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) e Integralmédica.
Conheça um pouco dos filmes que serão apresentados:
BATUQUE - A ALMA DE UM POVO , de Júlio Silvão (Cabo Verde)
Característico da ilha de Santiago, o Batuque tem origem nos primeiros escravos trazidos para a ilha em 1462 e é a mais antiga manifestação cultural de Cabo Verde. Relegado ao espaço rural durante a colonização por ser considerado ofensivo da boa moral, o Batuque foi reprimido e proibido, mas sobreviveu graças à resistência e à constante passagem de testemunho de gerações a gerações. Através da história do Batuque, e das poesias das cantadeiras, o batuque oferece-nos um prisma único por onde se filtra a própria História de Cabo Verde. O Raiz de Tambarina, grupo retratado no filme, é um dos mais antigos da ilha de Santiago, formado por pessoas simples – motoristas de camião, faxineiras, vendedores de peixe. A partir de cada "performance" e de cenas do quotidiano dos membros do grupo descobrimos a paixão pelo Batuque e Cabo Verde, de ontem e de hoje.
COMBOIO DA CANHOCA, de Orlando Fortunato (Angola)
Comboio da Canhoca” é um filme angolano de longa-metragem. A história está baseada num fato que se viveu em Angola em 1957, em que um cabo português viola a mulher de um soldado angolano, o que resultou numa briga violenta. O resultado da briga culminou com a prisão de alguns angolanos com alguma influência social, entre enfermeiros, pastores, funcionários e mecânicos, pequenos assalariados. Orlando Fortunato, o realizador conta-nos em filme o que ouviu dos mais velhos daquela época. “Metem-nos num vagão e mandam-nos para Luanda. A meio do caminho entre Malanje e Luanda, na estação da Canhoca, o vagão em que eles seguiam é desatrelado e deixado numa linha abandonada. Passam neste vagão 5 dias, portanto o filme retrata os conflitos entre estas pessoas durante os cinco dias dentro desse vagão”.
FINTAR O DESTINO, de Fernando Vendrell (Portugal / Cabo Verde)
A amarga crônica de um homem que perdeu a oportunidade de sair de Cabo Verde para ser jogador de futebol no Benfica e nunca conseguiu ultrapassar, ao longo de toda uma vida, a sensação de frustração e vazio. A vida correu demasiado depressa para Mané. Ao passar os 50 anos, assiste impotente ao lento sacrifício dos seus ideais. Lucy, sua mulher, prendeu-o num cotidiano familiar. O trabalho numa pequena tasca de comércio desgastou-o. Os sonhos esvaíram-se na aridez dos campos de terra batida do Mindelo. Caído no esquecimento, do seu passado de grande jogador do Mindelense, em São Vicente, nas ilhas de Cabo Verde, resta-lhe a compaixão de conhecidos, vizinhos e amigos: "Ele foi importante", "Foi o maior goleiro de Cabo Verde". Inconformado, Mané vai partir, vai lutar e vai ganhar contra todos os impossíveis. A longínqua Lisboa é o cais dos seus sonhos, a sua imaginação é um rio grande que alimenta a terra e desagua no mar.
CALADO NÃO DÁ, de João Nicolau (Portugal / Cabo Verde)
Esperança Mano Mendi vive em Ruban Chiquero, na ilha de Santiago, Cabo Verde. É o último tocador de Cimboa, um violino de uma só corda utilizado para acompanhar os grupos de batuque da ilha. A sua música desperta o interesse de Totavares, um professor de música da capital, Praia. “Este filme foi realizado no âmbito de um mestrado em Antropologia Visual na Universidade de Manchester. Como tese de pós-graduação tinha duas condicionantes: não podia exceder os 30 minutos e tinha de ser realizado por uma pessoa apenas. Na altura da defesa do projeto, ficou acordado que o vetor que conduziria esta investigação seria a memória de Mano Mendi (de 72 anos) sobre a atividade musical em Cabo Verde antes da independência e sobre o advento da eletrificação nos concertos. Nada disto está na versão final do filme. Durante a rodagem, o contato com as pessoas e com a realidade até aí apenas imaginada cedo propôs outros caminhos. A profunda imbricação da música com o trabalho, o convívio e a religião tornou-se assim o principal tema desta narrativa.
CANTADOR DE CHULA, de Marcelo Rabelo / Katharina Doring (Brasil)
Chula é o canto principal em modalidades do samba no interior da Bahia, presente somente na memória oral dos mais velhos. O filme caminha pelo recôncavo e agreste baiano, onde podemos ouvir algumas chulas e outras cantigas tradicionais de herança africana.
O documentário dirigido por Marcelo Rabelo retrata o universo da chula, canto caracterizado pela técnica vocal específica e pela improvisação de versos, encontrado em modalidades de samba mais presentes no interior da Bahia. O filme é parte de um Projeto- dirigido pela etnomusicóloga alemão Katharina Doring, radicada na Bahia há anos - pesquisa, registro, preservação e divulgação da chula cantada no samba de roda e samba rural no Recôncavo e no Agreste, de um tesouro da tradição oral de matriz africana. Diante do eminente risco de extinção do samba chula – que já acumula perdas irreparáveis com a morte de importantes mestres nos anos recentes – e/ou de sua deformação, no sentido de perder suas essências históricas, musicais e poéticas, tornou-se urgente o registro em áudio e vídeo das antigas chulas e da chula improvisada na voz dos velhos sambadores das comunidades negras.
O documentário dirigido por Marcelo Rabelo retrata o universo da chula, canto caracterizado pela técnica vocal específica e pela improvisação de versos, encontrado em modalidades de samba mais presentes no interior da Bahia. O filme é parte de um Projeto- dirigido pela etnomusicóloga alemão Katharina Doring, radicada na Bahia há anos - pesquisa, registro, preservação e divulgação da chula cantada no samba de roda e samba rural no Recôncavo e no Agreste, de um tesouro da tradição oral de matriz africana. Diante do eminente risco de extinção do samba chula – que já acumula perdas irreparáveis com a morte de importantes mestres nos anos recentes – e/ou de sua deformação, no sentido de perder suas essências históricas, musicais e poéticas, tornou-se urgente o registro em áudio e vídeo das antigas chulas e da chula improvisada na voz dos velhos sambadores das comunidades negras.
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