Kako Alves (ao fundo), Assol Garcia e Manuel Candinho foram as atrações do segundo dia do Circuito
Foto: Davi Couto Valle - Secom/MT
Unir fronteiras e abrir caminhos
para os talentos artísticos dos países da Língua Portuguesa que não têm a oportunidade
de serem conhecidos pelos países irmãos de língua. É o que espera o diretor do
núcleo de Música de Cabo Verde e também violonista, Manuel de Candinho, que
está em Mato Grosso
participando do Circuito Cultural Lusófono (CCL) e se apresentou no segundo dia
do evento junto com seus compatriotas: a cantora, Assol Garcia e o guitarrista,
Kako Alves. Antes, o trio conheceu e ouviu a música do cantor mato-grossense,
Amauri Lobo, que cantou músicas de autoria do poeta Antônio Sodré e da banda
Caximir.
Segundo ele, a vontade de
solidificar esta união já existia por parte do governo de Cabo Verde e a
participação no CCL consolida ainda mais esta proposta. Candinho - que também é
músico – garante que a parceria de intercâmbio entre Brasil e Cabo Verde é
muito bem vinda e necessária. “O Circuito é uma oportunidade de mostrar aos
países lusófonos o que, não só Cabo Verde, mas todos os países da língua
portuguesa têm em relação à diversidade artística Essa mostra e possível
mistura pode frutificar em novos ritmos”, avalia. Ele adianta que após o
término do CCL no Brasil - que ainda segue para Minas Gerais e Ceará – já pensa
em novos projetos para desenvolver junto aos países lusófonos tendo a música
como carro-chefe.
Um desses talentos que está
ganhando palco de conhecimento é a cantora Assol Garcia, que acompanhou
Candinho e Kako. Com 23 anos e um ano e quatro meses de estrada musical ela
conta que participar do CCL é uma boa oportunidade de conhecer o que andam
fazendo do lado de cá e mostrar tudo o que é de lá. Assol foi descoberta por
Candinho quando cantava num evento. Ele reconheceu seu potencial e quer
apresentar sua voz ao mundo. Meta que ela aceita com alegria e mente aberta
para também conhecer o que é feito por aqui.
Contente em participar também
está Alves, que acredita que só faltam serem quebradas mesmo as fronteiras do
desconhecimento do que é feito em cada país uma vez que a língua pode ser
trabalhada artisticamente de forma tranqüila em todos os países lusófonos.
“Diferença não há. Aqui no Brasil me sinto em casa porque em Cabo Verde também as
pessoas são alegres, comem feijão e participam do carnaval como acontece aqui e
também temos sonoridades parecidas como o samba e seresta”. Sendo assim, nada
mais justo, conforme ele, que estes laços sejam estreitados e seja instigada a
criatividade em conjunto através da troca. “Somos irmãos porque a Cidade Velha
- primeira cidade de Cabo Verde - era de onde eram retirados os negros para
serem trazidos ao Brasil”, lembra. Assim, no longo caminho, essa ligação dos
ancestrais foi sendo quebrada ao aportar e deixar essas pessoas pelos países. Para
ele, o CCL vem mostrar que está mais do que na hora de religar toda essa gente.
Dessa vez, pela arte.
União para o desenvolvimento é
justamente o grande objetivo do CCL, conforme explica o presidente da ong
portuguesa Etnia, Mário Alves – entidade que realiza o projeto. Conforme ele,
se não se abrem os caminhos não se pode conhecer e experimentar coisas novas no
âmbito da arte, segmento que, vale destacar, nunca vem sozinho, pois seu crescimento
leva junto não só a economia como também o desenvolvimento social de todo um
país.
O secretário de Estado de
Cultura, João Laino, informou que é totalmente a favor dessa ideia e lembra
que, como desenvolver, também pela arte, é a palavra de ordem do governo do
Estado, vai sempre buscar ser parceiro de iniciativas de troca como o CCL.
Nessa linha a Secretaria de Estado de Cultura também já apoiou a vinda de
outros eventos nacionais como o recente Prêmio Marcantonio Vilaça e a exposição
Exílios da artista carioca, Paula Trope.
Final
O evento termina nesta
quinta-feira, às 20h, no Cine Teatro Cuiabá, com apresentação gratuita da peça
"O incorruptível", de Hélder Costa, com atuação do ator português,
Gil Filipe. O CCL é realizado pela ong Etnia com apoio no Brasil do Instituto
Cultural Lusófono (ICL) e os Ministérios da Cultura do Brasil e de Cabo Verde
em parceria no Mato Grosso com o governo do Estado através da Secretaria de
Estado de Cultura (SEC), Sebrae, Móveis Dracma, Ótica Plena Visão, CAV, TACV
(Transportes Aéreos de Cabo Verde) e Integralmédica.
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